Exposição a aditivos: riscos e EPIs na manutenção

Por Portal Saúde Confiável

14 de outubro de 2025

O manuseio de lubrificantes automotivos, especialmente os utilizados em motores a diesel, envolve uma série de riscos ocupacionais frequentemente subestimados. Óleos formulados com aditivos detergentes, antidesgaste e antioxidantes, como os da categoria 15W40, podem gerar névoas e resíduos que afetam a pele, os olhos e o sistema respiratório quando manipulados sem proteção adequada. A exposição prolongada pode resultar em dermatites, irritações respiratórias e, em casos extremos, sensibilização química. Por isso, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e práticas rigorosas de higiene são indispensáveis em oficinas e garagens.

Além da proteção individual, é fundamental que o ambiente de trabalho esteja estruturado de acordo com as normas da NR-9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres). Essas regulamentações determinam limites de exposição e diretrizes para o controle de contaminantes químicos no ar. O cumprimento dessas exigências protege os trabalhadores e contribui para a conformidade legal e sanitária das empresas.

Nas seções seguintes, são detalhados os principais riscos, os equipamentos de proteção recomendados e os cuidados necessários para minimizar a exposição a óleos lubrificantes em ambientes de manutenção automotiva.

 

Composição química e riscos associados

O oleo 15w40 para caminhão contém uma combinação de hidrocarbonetos minerais e aditivos sintéticos destinados a melhorar o desempenho do motor. Entre eles estão compostos de zinco (ZDDP), fósforo, cálcio e molibdênio, que atuam como protetores contra desgaste e oxidação. Contudo, quando aquecidos ou em contato prolongado com a pele, esses aditivos podem causar irritação e sensibilização dérmica.

Durante a troca de óleo, névoas e vapores podem se formar, especialmente em ambientes pouco ventilados. A inalação dessas partículas pode provocar desconforto respiratório, cefaleia e, a longo prazo, inflamações nas vias aéreas. Além disso, os resíduos acumulados de óleo usado contêm contaminantes metálicos, como chumbo e cobre, que elevam o risco tóxico caso entrem em contato com feridas abertas.

Por isso, recomenda-se a manipulação de lubrificantes apenas em áreas ventiladas e com o uso de EPIs apropriados. A conscientização sobre os riscos químicos deve fazer parte do treinamento contínuo das equipes de manutenção.

 

Formas de exposição e avaliação ambiental

A exposição ao óleo caminhao 15w40 20 litros ocorre principalmente por três vias: dérmica, respiratória e acidental (por ingestão indireta). A via dérmica é a mais comum, resultado do contato direto durante drenagens, limpezas e substituições de filtros. Já a inalação de névoas é frequente em locais fechados e mal ventilados, agravada pelo uso de ferramentas pneumáticas e sistemas de lubrificação pressurizada.

A avaliação ambiental deve ser realizada periodicamente, medindo a concentração de vapores e partículas suspensas no ar. O uso de bombas de amostragem e filtros específicos permite comparar os níveis encontrados com os limites estabelecidos pela ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) e pela NR-15. Esses resultados orientam ações de controle e correção no ambiente de trabalho.

Adicionalmente, deve-se manter registros de exposição ocupacional e exames médicos periódicos dos trabalhadores, conforme previsto no PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional).

 

EPIs obrigatórios e medidas preventivas

Para o manuseio de óleo motor diesel 15w40 20 litros, o uso de EPIs adequados é obrigatório e deve seguir as recomendações da NR-6. As luvas de nitrila ou neoprene são as mais indicadas, pois resistem a óleos e solventes sem comprometer a destreza manual. O avental impermeável e as botas de PVC protegem o corpo contra respingos e contato acidental com o lubrificante.

Durante a drenagem de óleo quente, o operador deve utilizar viseira ou óculos de proteção facial para evitar queimaduras e respingos nos olhos. Em locais onde há névoas ou vapores, recomenda-se o uso de respiradores com filtro P2 ou P3, que retêm partículas oleosas e aerossóis finos.

Além da proteção individual, é essencial adotar medidas coletivas, como ventilação forçada, exaustores localizados e sistemas de captação de vapores. Essas práticas reduzem a concentração de contaminantes e complementam o uso de EPIs.

 

Boas práticas de higiene e descarte

Em oficinas e garagens que lidam com o óleo trator 15w40 20 litros, a higiene pessoal e a limpeza do ambiente são etapas críticas para reduzir a exposição. O trabalhador deve lavar as mãos com sabão neutro e água corrente sempre que houver contato com lubrificantes, evitando o uso de solventes ou gasolina, que removem a barreira natural da pele.

Roupa contaminada deve ser trocada imediatamente e lavada separadamente das demais vestimentas. O uso de cremes protetores para pele é uma medida adicional recomendada, formando uma camada de proteção contra agentes químicos. As áreas de refeição e descanso devem ser isoladas da zona de trabalho, evitando ingestão acidental de resíduos.

O óleo usado deve ser armazenado em recipientes apropriados, com tampa e identificação visível, e encaminhado a coletores licenciados pela ANP, conforme determina a Resolução CONAMA nº 362/2005. Essa prática previne contaminação ambiental e garante a destinação correta do resíduo.

 

Monitoramento de saúde ocupacional

Os empregadores têm responsabilidade legal de monitorar a saúde dos trabalhadores expostos a lubrificantes e seus aditivos. O acompanhamento médico deve incluir exames dermatológicos e respiratórios periódicos, além de questionários sobre sintomas associados à exposição química. A detecção precoce de irritações ou alergias permite a adoção de medidas corretivas imediatas.

Em casos de suspeita de intoxicação ou dermatite ocupacional, o profissional deve ser afastado temporariamente e receber tratamento médico especializado. O registro e análise de incidentes são obrigatórios, servindo como base para atualização dos planos de segurança e prevenção.

Empresas que mantêm programas de saúde ocupacional bem estruturados reduzem significativamente o absenteísmo e os custos com afastamentos, ao mesmo tempo em que garantem um ambiente de trabalho mais seguro e produtivo.

 

Treinamento e cultura de segurança

Por fim, o sucesso das medidas de proteção depende da conscientização dos trabalhadores. Treinamentos periódicos devem abordar os riscos químicos do lubrificante, a importância dos EPIs, os procedimentos de limpeza e o descarte adequado de resíduos. Essa capacitação deve incluir demonstrações práticas e atualizações sobre normas de segurança.

A cultura de segurança é construída com exemplo e disciplina. Supervisores e gestores devem reforçar boas práticas, fiscalizar o uso de EPIs e garantir que todos compreendam os riscos do contato com lubrificantes e suas névoas. Quando a prevenção se torna rotina, o ambiente de trabalho torna-se mais saudável e eficiente.

Assim, o controle da exposição aos aditivos e contaminantes do óleo lubrificante não é apenas uma exigência técnica, mas um compromisso com a saúde e a integridade de todos os profissionais que atuam na manutenção automotiva e industrial.

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