Como a maternidade pode impactar o bem-estar emocional

Por Portal Saúde Confiável

26 de fevereiro de 2025

A maternidade é uma experiência transformadora, repleta de emoções intensas, desafios e descobertas. Desde a gestação até os primeiros anos do bebê, a mulher passa por mudanças profundas – físicas, psicológicas e emocionais. Esse período, embora repleto de amor e alegria, pode também trazer inseguranças, medos e um impacto significativo no bem-estar emocional.

O que muitas mães não esperam é a complexidade dos sentimentos que acompanham essa nova fase. A pressão social, a sobrecarga de responsabilidades e as expectativas irreais podem gerar estresse, ansiedade e até mesmo episódios de tristeza profunda. E, apesar de ser uma fase tão comentada, o lado emocional da maternidade ainda é, muitas vezes, negligenciado.

É essencial compreender que sentir-se sobrecarregada ou emocionalmente exausta não significa que a mãe não ama seu filho. Pelo contrário, esses sentimentos são naturais e precisam ser validados. Cuidar da saúde mental materna é tão importante quanto cuidar do bebê, e buscar apoio pode fazer toda a diferença.

Mas como, exatamente, a maternidade impacta o bem-estar emocional? Vamos explorar alguns dos principais fatores que influenciam essa jornada e como lidar com os desafios emocionais dessa fase.

 

As mudanças hormonais e o impacto emocional

Desde a gestação, o corpo da mulher passa por intensas alterações hormonais que afetam diretamente suas emoções. Durante a gravidez, os níveis de estrogênio e progesterona aumentam consideravelmente, preparando o corpo para a chegada do bebê. Após o parto, no entanto, esses hormônios caem abruptamente, o que pode desencadear oscilações emocionais.

Essa mudança hormonal pode levar ao famoso “baby blues”, um estado de melancolia que atinge muitas mães nos primeiros dias após o nascimento do bebê. Os sintomas incluem irritabilidade, tristeza inexplicável e cansaço extremo. Em alguns casos, essa fase passa rapidamente, mas para algumas mulheres pode evoluir para algo mais sério, como a depressão pós-parto.

Além disso, a privação de sono e o esgotamento físico contribuem para essa instabilidade emocional. O corpo ainda está se recuperando do parto, enquanto a mãe enfrenta a nova rotina com um recém-nascido que exige atenção constante.

Reconhecer essas mudanças hormonais, buscar apoio e conselhos para maternidade – seja da família, de um profissional ou de outras mães – pode ajudar a tornar esse período mais leve e menos solitário.

 

A sobrecarga emocional e o peso das expectativas

Ser mãe é um desafio que vai além do cuidado físico com o bebê. A pressão para ser perfeita, dar conta de tudo e atender às expectativas da sociedade pode ser avassaladora. Muitas mulheres sentem que precisam equilibrar maternidade, carreira, vida social e autocuidado – e essa carga emocional pode ser extremamente desgastante.

A comparação com outras mães, principalmente nas redes sociais, agrava essa sensação de inadequação. Perfis que mostram uma maternidade “perfeita” podem fazer com que as mulheres se sintam insuficientes, criando uma pressão ainda maior para corresponder a um padrão irreal.

Outro fator que contribui para a sobrecarga é a falta de divisão de responsabilidades. Em muitas famílias, a maior parte das tarefas relacionadas ao bebê recai sobre a mãe, o que pode gerar exaustão física e mental.

É fundamental entender que pedir ajuda não é sinal de fraqueza. Dividir responsabilidades e estabelecer limites é essencial para preservar a saúde emocional e evitar o esgotamento.

 

Identidade materna e a perda de si mesma

A maternidade muda tudo – inclusive a percepção que a mulher tem sobre si mesma. Muitas mães relatam uma sensação de “perda de identidade”, como se sua individualidade fosse substituída pelo papel de mãe. Essa transição pode ser confusa e, em alguns casos, angustiante.

Atividades que antes faziam parte da rotina, como sair com amigos, praticar um hobby ou até mesmo momentos de descanso, podem ser deixadas de lado em meio às demandas do bebê. O desafio está em encontrar um equilíbrio entre ser mãe e manter a própria essência.

Uma forma de resgatar a identidade é reservar momentos para si mesma, mesmo que sejam pequenos. Ler um livro, fazer uma caminhada ou simplesmente tirar um tempo para relaxar pode fazer uma grande diferença no bem-estar emocional.

Além disso, falar sobre esses sentimentos com outras mães pode trazer alívio e compreensão. Saber que essa sensação é comum e que ela passa com o tempo pode ajudar a lidar com essa fase de transição com mais leveza.

 

A importância do apoio emocional

Ter uma rede de apoio faz toda a diferença no bem-estar emocional das mães. O suporte de familiares, amigos e profissionais pode aliviar a carga mental e tornar a experiência da maternidade mais equilibrada e saudável.

O parceiro ou parceira tem um papel essencial nesse processo. Quando há uma divisão justa das responsabilidades e um ambiente de apoio emocional, a adaptação à maternidade se torna menos desgastante. O diálogo aberto sobre as dificuldades e necessidades da mãe é fundamental para fortalecer essa parceria.

Além disso, buscar grupos de apoio materno ou redes sociais voltadas para mães pode proporcionar um espaço de troca e acolhimento. Muitas mulheres encontram conforto ao perceber que não estão sozinhas e que outras passam pelos mesmos desafios.

Se os sentimentos de tristeza e sobrecarga forem persistentes, a ajuda profissional de um psicólogo ou terapeuta pode ser uma ferramenta poderosa para lidar com as emoções de forma mais saudável.

 

Autocuidado: um ato de necessidade, não de luxo

Muitas mães sentem culpa ao tirar um tempo para si mesmas, como se estivessem negligenciando o bebê. Mas o autocuidado não é um luxo – é uma necessidade. Quando a mãe está bem, ela consegue oferecer um cuidado mais saudável e equilibrado para seu filho.

O autocuidado pode assumir diversas formas, desde um momento de silêncio e descanso até práticas como meditação, exercícios físicos ou simplesmente uma pausa para um café sem interrupções. O importante é incluir na rotina pequenas ações que promovam bem-estar.

Além disso, alimentar-se bem, dormir quando possível e manter hábitos saudáveis fazem toda a diferença no estado emocional. Ignorar as próprias necessidades pode levar a um esgotamento que impacta não apenas a mãe, mas também a relação com o bebê.

Respeitar os próprios limites e aprender a delegar tarefas são passos essenciais para construir uma maternidade mais equilibrada e menos sobrecarregada.

 

Conclusão

A maternidade é uma experiência intensa, cheia de emoções contraditórias e desafios diários. O impacto no bem-estar emocional é real e precisa ser reconhecido sem culpa ou julgamento.

Desde as mudanças hormonais até a sobrecarga mental, passando pela perda de identidade e a necessidade de apoio, cada fase traz desafios que podem ser suavizados com informação, rede de apoio e autocuidado.

Cuidar da saúde emocional da mãe não é apenas importante para ela mesma, mas também para o bebê e para toda a família. Afinal, uma mãe emocionalmente equilibrada tem mais condições de viver a maternidade de forma mais leve e plena.

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