Costurar acalma? O que a ciência já sabe

Por Portal Saúde Confiável

31 de outubro de 2025

A prática da costura, tradicionalmente associada ao artesanato e à moda, vem sendo investigada por pesquisadores das áreas de neurociência e psicologia como uma atividade promotora de bem-estar. Estudos recentes indicam que o ato de costurar estimula concentração, reduz níveis de estresse e favorece o equilíbrio emocional. O processo manual e repetitivo atua sobre os circuitos cerebrais de atenção plena e autocontrole.

Além dos benefícios individuais, a costura tem impacto social relevante. Oficinas coletivas funcionam como espaços de convivência e apoio emocional, fortalecendo vínculos e senso de pertencimento. Em tempos de sobrecarga digital, a imersão em tarefas manuais se mostra um antídoto contra a dispersão e a ansiedade cotidiana.

A ciência confirma que o engajamento em atividades manuais estruturadas ativa regiões cerebrais ligadas à recompensa e à satisfação, tornando a costura mais do que um ofício — uma forma de autocuidado consciente.

 

Foco e atenção plena durante a prática

Profissionais de reforma de roupa sp relatam que a costura exige um estado mental de foco contínuo, semelhante ao que ocorre em práticas meditativas. A atenção concentrada nos pontos, na textura do tecido e na precisão do corte reduz a ruminação mental e favorece o relaxamento fisiológico. O cérebro direciona recursos cognitivos para a tarefa presente, minimizando distrações e pensamentos intrusivos.

Pesquisas em neurociência cognitiva mostram que atividades que envolvem coordenação manual e planejamento espacial estimulam o córtex pré-frontal e o cerebelo, regiões associadas à concentração e ao controle motor fino. Essa ativação ajuda a estabilizar o humor e melhorar a clareza mental.

O ritmo constante da costura cria um padrão de repetição motora que, de modo semelhante à respiração rítmica, promove regulação emocional e sensação de tranquilidade.

 

Redução de estresse e modulação fisiológica

Estudos clínicos apontam que atividades artesanais reduzem a produção de cortisol, o hormônio relacionado ao estresse. O envolvimento manual e criativo proporciona uma forma de descarga emocional segura e controlada, especialmente útil em situações de ansiedade leve e fadiga mental.

Durante a costura, a frequência cardíaca tende a diminuir, e os músculos dos ombros e pescoço relaxam, resultado de uma ativação do sistema nervoso parassimpático. Essa resposta fisiológica se assemelha à obtida em exercícios de mindfulness.

Além disso, o senso de produtividade e realização ao concluir uma peça reforça a autoestima e cria um ciclo positivo de prazer e motivação intrínseca.

 

Coordenação motora e benefícios cognitivos

A costura estimula habilidades de coordenação motora fina, percepção espacial e planejamento sequencial. Ao manipular tecidos, linhas e agulhas, o cérebro processa constantemente informações táteis e visuais, refinando os circuitos neurais responsáveis pela destreza manual.

Pesquisas em terapia ocupacional sugerem que essas atividades manuais retardam o declínio cognitivo em adultos e melhoram o desempenho em tarefas que exigem memória de trabalho e precisão. Crianças e idosos também se beneficiam do treino sensório-motor envolvido na costura.

A repetição estruturada dos movimentos cria padrões de aprendizado motor que podem ser comparados aos observados em músicos e artesãos experientes, fortalecendo conexões cerebrais de longo prazo.

 

Socialização e bem-estar coletivo

Oficinas de costura funcionam como espaços terapêuticos de troca e pertencimento. A interação entre participantes favorece a empatia e reduz o isolamento social, fatores que impactam diretamente na saúde mental.

Ao costurar em grupo, os indivíduos compartilham experiências, colaboram em projetos e desenvolvem senso de propósito coletivo. Essa dinâmica social estimula a liberação de ocitocina, hormônio associado à confiança e ao vínculo afetivo.

O ambiente cooperativo das oficinas também promove aprendizagem mútua, fortalecendo a autoestima e a autonomia dos participantes.

 

Reabilitação emocional e terapias complementares

A costura tem sido incorporada a programas de reabilitação psicológica e física, como forma de terapia ocupacional. Pacientes em recuperação de depressão, traumas ou transtornos de ansiedade relatam melhora na autopercepção e no controle emocional após sessões regulares de atividades manuais.

Ao engajar-se em um processo criativo tangível, o indivíduo recupera o senso de eficácia pessoal e de continuidade narrativa, aspectos frequentemente comprometidos por doenças mentais.

O uso terapêutico da costura reforça a importância de integrar abordagens não farmacológicas aos cuidados em saúde mental, potencializando resultados clínicos de forma natural e acessível.

 

Equilíbrio entre corpo, mente e criatividade

Costurar é um exercício simultâneo de atenção, coordenação e expressão artística. Essa combinação harmoniza corpo e mente, permitindo que o indivíduo canalize energia emocional em algo concreto e construtivo.

Além dos benefícios psicológicos, o processo criativo fortalece a sensação de identidade e pertencimento, fatores decisivos para o bem-estar subjetivo. O ato de transformar tecidos em vestimentas traduz a capacidade humana de criar sentido e beleza mesmo em contextos desafiadores.

A ciência, ao confirmar esses efeitos, reforça a costura como uma prática integrativa: técnica, terapêutica e profundamente humana em sua essência.

 

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