Lubrificantes industriais oferecem riscos à saúde?

Por Portal Saúde Confiável

10 de julho de 2025

Quando se fala em lubrificantes industriais, o foco geralmente está no desempenho: reduzir atrito, proteger equipamentos, aumentar a eficiência. Mas tem um lado dessa história que não pode ser ignorado — os riscos à saúde. Sim, por mais que sejam essenciais para o funcionamento de máquinas, esses produtos podem representar perigos reais quando o contato com o corpo humano acontece de forma frequente, sem os cuidados devidos.

O problema é que muitos desses riscos não são imediatos. Eles se acumulam ao longo do tempo, especialmente em profissionais que lidam diariamente com graxas, óleos e fluidos lubrificantes sem a devida proteção. Pele, vias respiratórias e olhos são as áreas mais vulneráveis. E dependendo da composição química do produto, os efeitos podem ir de simples irritações até doenças mais sérias.

Claro, isso não significa que todo lubrificante é tóxico ou que sua simples presença representa um perigo. Tudo depende do tipo de produto, da frequência de exposição e, principalmente, das condições de trabalho. A boa notícia é que existem formas bem eficientes de minimizar (ou até eliminar) esses riscos. Mas, para isso, é preciso conhecimento, treinamento e estrutura adequada.

Neste artigo, vamos entrar fundo nesse tema: o que exatamente torna um lubrificante industrial perigoso, quais os efeitos mais comuns sobre a saúde e o que pode ser feito, na prática, para proteger quem trabalha com esses produtos todos os dias. Porque manter a máquina funcionando não pode custar a saúde do operador.

 

Composição química e riscos de contato direto

Todo lubrificante é uma mistura de óleos-base e aditivos. Dependendo da formulação, esses aditivos podem incluir antioxidantes, dispersantes, detergentes, agentes antidesgaste e até compostos metálicos. O contato frequente com essas substâncias pode causar dermatites, irritações, alergias e, em casos extremos, sensibilizações crônicas da pele.

Os maiores riscos aparecem quando o lubrificante penetra a pele através de pequenos cortes ou permanece por muito tempo sobre áreas expostas. Além disso, em ambientes quentes, a evaporação de componentes voláteis pode afetar as vias respiratórias, principalmente em oficinas e indústrias com pouca ventilação.

Existem, porém, lubrificantes formulados com foco na segurança. O lubrificante Foodgrade, por exemplo, é desenvolvido com ingredientes que apresentam baixo risco toxicológico, justamente por serem utilizados em áreas onde pode ocorrer contato acidental com alimentos. Eles servem como referência de segurança até mesmo em aplicações fora do setor alimentício.

O primeiro passo para evitar riscos é entender o que há dentro do produto que você está usando. A FISPQ (Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico) deve estar sempre à disposição — e ser lida. Porque conhecer o risco é o primeiro passo para evitá-lo.

 

Riscos respiratórios e ambientes com vapores de óleo

Trabalhar em locais com névoas de óleo ou vapores liberados por lubrificantes aquecidos é um perigo pouco visível — mas bem real. Esses vapores podem ser inalados por operadores e causar desde irritação das mucosas até problemas respiratórios mais graves, como bronquite ocupacional e sensibilização pulmonar.

Ambientes com pouca ventilação, como oficinas fechadas ou salas de usinagem, são os mais propensos a esse tipo de contaminação. Isso porque, ao longo das horas, pequenas partículas se acumulam no ar, principalmente quando lubrificantes são aquecidos ou aplicados por spray. O problema é que, muitas vezes, o odor não é suficiente para alertar sobre a concentração perigosa dessas substâncias.

Em setores como o de alimentos e bebidas, onde o ambiente precisa ser limpo e seguro, a adoção de lubrificante grau alimentício ajuda a reduzir drasticamente esse risco. Esses produtos são formulados para minimizar emissões voláteis e oferecem maior estabilidade térmica, o que reduz a formação de vapores prejudiciais.

Além disso, o uso de exaustores, sistemas de filtragem e ventilação cruzada é obrigatório em qualquer operação que trabalhe com lubrificantes sob aquecimento. E o uso de máscaras com filtro adequado deve ser parte da rotina de trabalho — não só em áreas de pintura, mas também nas de lubrificação e manutenção.

 

Perigos da exposição crônica e doenças ocupacionais

Nem todo risco se manifesta de imediato. Muitas vezes, os efeitos da exposição a lubrificantes industriais vão se acumulando ao longo dos meses — ou anos — até que os sintomas comecem a aparecer. Isso é o que se chama de exposição crônica. E é nela que mora o maior perigo.

Entre os efeitos mais comuns estão dermatites alérgicas, alterações hepáticas, problemas respiratórios persistentes e até alterações neurológicas, dependendo do tipo de produto envolvido. É importante lembrar que muitos lubrificantes antigos (e ainda em uso em alguns lugares) continham substâncias como PCBs, compostos clorados e metais pesados — hoje proibidos, mas cujos resíduos ainda circulam por aí.

Por isso, optar por lubrificantes modernos e certificados é fundamental. Produtos como o lubrificante H1 foram desenvolvidos para aplicações sensíveis, com exigência de baixo risco toxicológico e altíssima estabilidade. Eles são ideais não apenas para ambientes com risco alimentar, mas também para empresas que se preocupam com a saúde ocupacional de seus funcionários.

Implementar programas de monitoramento médico periódico também é uma medida essencial. Testes dermatológicos, exames respiratórios e acompanhamento clínico reduzem o risco de surpresas — e demonstram compromisso da empresa com a saúde de sua equipe.

 

Uso de EPIs e boas práticas de segurança

O uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ainda é a forma mais prática e eficaz de evitar problemas relacionados ao manuseio de lubrificantes. Luvas nitrílicas, óculos de proteção, aventais impermeáveis e máscaras com filtro são os itens básicos em qualquer operação onde há contato direto ou indireto com esses produtos.

No entanto, de nada adianta o EPI estar disponível se ele não é usado corretamente — ou se é reutilizado de forma indevida. Luvas furadas, óculos sujos ou máscaras vencidas perdem a eficácia e criam uma falsa sensação de segurança. Por isso, a empresa deve garantir não apenas o fornecimento, mas também o treinamento constante sobre o uso e a troca desses itens.

Outra prática importante é manter kits de lavagem de emergência (com água corrente e sabão neutro) nas áreas de aplicação, além de sinalização clara sobre os riscos envolvidos. Ambientes bem organizados, limpos e com fácil acesso a informações de segurança reduzem drasticamente a chance de incidentes.

E não se esqueça: EPIs são parte de um conjunto. Eles não substituem a ventilação adequada, o armazenamento correto ou a escolha de produtos menos agressivos. Tudo funciona em conjunto — e a segurança vem da soma dessas camadas de proteção.

 

Armazenamento e descarte responsável

Uma etapa frequentemente negligenciada — e cheia de riscos — é o armazenamento dos lubrificantes. Produtos mal armazenados podem vazar, entrar em contato com fontes de calor ou reagir com outras substâncias presentes no ambiente, gerando situações perigosas não só para a estrutura física, mas também para a saúde das pessoas.

O ideal é que os lubrificantes sejam mantidos em áreas ventiladas, longe da luz solar direta e sobre pisos impermeáveis, com contenção secundária para vazamentos. Os recipientes devem estar sempre fechados, identificados e longe de produtos de limpeza, combustíveis ou alimentos. Sim, isso acontece com mais frequência do que você imagina.

Já o descarte precisa seguir normas ambientais rigorosas, como as definidas pela Resolução CONAMA 362/2005. Óleo usado jamais deve ser despejado em ralos, terrenos ou bueiros. Além de crime ambiental, isso representa risco direto à saúde pública, pois contamina o solo e a água.

Manter controle sobre a validade dos produtos, fazer rodízio de estoque e capacitar os funcionários para detectar embalagens danificadas também fazem parte das boas práticas que evitam acidentes e garantem um ambiente de trabalho mais seguro e sustentável.

 

Treinamento, cultura de segurança e prevenção

Por mais que se invista em equipamentos, produtos certificados e estrutura física, nada substitui a consciência das pessoas. Uma equipe bem treinada é a melhor barreira contra acidentes, intoxicações e problemas de saúde relacionados ao uso de lubrificantes industriais.

Isso começa com treinamentos periódicos, não só na integração, mas ao longo de toda a permanência do colaborador na empresa. Atualizações sobre novos produtos, mudanças na legislação e casos reais de acidentes ajudam a manter o tema vivo e a reforçar a cultura de prevenção.

Além disso, estimular a comunicação entre operadores e gestores é essencial. Funcionários que percebem problemas — como odor forte, lubrificante fora do prazo ou sintomas de irritação — devem se sentir à vontade para relatar e participar da solução. Segurança não é um departamento: é um valor compartilhado por todos.

Empresas que promovem essa cultura colhem benefícios não só em saúde, mas também em produtividade, motivação e imagem no mercado. Afinal, cuidar de máquinas é importante — mas cuidar de gente é essencial.

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