Produtos importados e saúde: quais os riscos e cuidados?

Por Portal Saúde Confiável

23 de julho de 2025

É tentador, né? Você vê aquele suplemento com fórmula americana que promete resultados rápidos, ou um cosmético asiático super badalado por influenciadores — e a primeira coisa que pensa é: “quero!”. Os produtos importados, principalmente os voltados à saúde e estética, têm ganhado cada vez mais espaço no gosto do consumidor brasileiro. Só que, junto com a empolgação, vem a pergunta que nem todo mundo se faz: será que é seguro usar?

Importar não é apenas uma questão de economia ou acesso a novidades. Quando falamos de itens que você vai aplicar na pele, consumir oralmente ou usar no corpo, os cuidados precisam ser redobrados. Afinal, o barato pode sair caro se o produto for falsificado, tiver substâncias proibidas no Brasil ou for mal armazenado durante o transporte.

O problema é que, muitas vezes, o consumidor não tem ideia do que está levando pra casa. Compra pela internet, vê um rótulo bonito, confia em comentários aleatórios e ignora que está ingerindo ou aplicando algo sem registro, sem teste e — pior — sem procedência clara. O risco à saúde não é algo teórico. Ele é real.

Por isso, neste artigo, vamos falar sobre os riscos mais comuns ao consumir produtos importados de saúde e bem-estar, e principalmente, como se proteger. Vamos explorar como checar se o item é confiável, quais os órgãos reguladores estão envolvidos e, no quarto tópico, o papel crucial do técnico em Comércio Exterior nesse cenário cheio de detalhes técnicos e legais.

 

Cosméticos e suplementos: onde mora o perigo?

A promessa é sempre sedutora: pele mais firme, mais energia, menos gordura. Mas você já parou pra pensar no que exatamente tem dentro de um suplemento que você não conhece? Ou num cosmético coreano com rótulo todo em outra língua? Produtos importados nem sempre seguem os mesmos padrões que a Anvisa exige no Brasil — e aí começa o problema.

Em muitos países, substâncias proibidas aqui ainda são utilizadas normalmente. Já vimos casos de cosméticos com hidroquinona em concentrações elevadas, proibidas no Brasil por risco de câncer de pele. Ou suplementos com DMAA, substância que já causou mortes e é banida por aqui. E sabe o que é pior? Muitas vezes, o rótulo nem menciona essas substâncias.

O perigo não é só o que está na fórmula. Armazenamento inadequado, transporte sem controle de temperatura, falsificações e embalagens recondicionadas tornam o cenário ainda mais arriscado. E claro: se der algum problema, é o consumidor que vai lidar com as consequências — não o site que vendeu.

 

Como saber se o produto é legalizado no Brasil?

O primeiro passo para comprar com segurança é verificar se o produto tem registro ou autorização na Anvisa. Todo item que promete efeitos no organismo — seja suplemento, dermocosmético, medicamento ou cosmético funcional — precisa, obrigatoriamente, passar por análise da agência reguladora brasileira. Sem isso, não pode ser comercializado por aqui.

Para consultar, basta acessar o site da Anvisa e buscar pelo nome do produto ou do fabricante. Se não aparecer nada, fique alerta: é sinal de que a marca não está regularizada no Brasil. E sim, mesmo se você comprar de outro país pela internet, o produto continua sendo ilegal se não tiver autorização — e pode ser barrado na alfândega.

Além disso, a Anvisa publica alertas regulares sobre produtos reprovados, falsificados ou proibidos. Vale a pena acompanhar essas atualizações antes de confiar cegamente em qualquer novidade importada. Segurança, nesse caso, é mais importante que tendência.

 

Compras online e mercado paralelo: um risco disfarçado

Se engana quem pensa que só produtos do “mercado negro” são problemáticos. Muitos sites aparentemente confiáveis operam fora das normas brasileiras. Plataformas internacionais populares, que fazem entrega direta ao consumidor, nem sempre oferecem garantias sanitárias. E o consumidor acaba comprando algo sem saber se foi armazenado corretamente, se passou por fiscalização ou até se é original.

Outro problema comum é a revenda informal. Pessoas que compram em viagens ou importam em pequena escala para revender em redes sociais — muitas vezes sem saber, estão vendendo produtos ilegais. E quando algo dá errado, é quase impossível responsabilizar alguém. Você comprou “por conta e risco”.

Por isso, desconfie de promessas exageradas, preços baixos demais e embalagens diferentes do que a marca oficial costuma usar. Se puder, opte por revendedores autorizados no Brasil ou empresas com CNPJ e canal de atendimento. Isso te dá ao menos algum respaldo caso o produto apresente problemas.

 

O papel do técnico em Comércio Exterior na importação segura

Quando falamos de segurança em produtos importados, muita gente esquece que existe um profissional que atua exatamente nessa interface entre o que é comprado lá fora e o que entra legalmente no país: o técnico em Comércio Exterior. Ele é quem garante que a operação respeite as normas legais e sanitárias brasileiras.

Esse profissional conhece os códigos tarifários, sabe quais produtos precisam de licença de importação da Anvisa, quais exigem testes laboratoriais, quais são proibidos e quais documentos devem acompanhar cada carga. Além disso, orienta empresas sobre como regularizar marcas estrangeiras para que possam ser vendidas aqui com segurança.

Ele também atua na prevenção de riscos. Avalia fornecedores, verifica se há certificações de qualidade, acompanha o desembaraço aduaneiro e ajuda a evitar que produtos falsificados entrem no Brasil. Em resumo: é uma peça-chave para garantir que o que chega às mãos do consumidor está de acordo com a lei — e com os padrões de saúde exigidos.

 

Diferença entre produtos aprovados e “liberados”

Muita gente confunde o fato de um produto ter entrado no país com ele estar aprovado para uso. Nem sempre o que passou pela alfândega está em conformidade com a Anvisa. Em muitos casos, a Receita Federal libera o item como “uso pessoal”, mas isso não significa que ele esteja isento de riscos ou seja legal para revenda ou publicidade.

Essa brecha cria uma zona cinzenta. Influenciadores digitais, por exemplo, usam suplementos importados e indicam aos seguidores — mesmo que o produto não tenha aprovação oficial. Parece inofensivo, mas não é. O consumo de substâncias não testadas por aqui pode causar efeitos adversos sérios, e a responsabilidade recai toda sobre o consumidor.

Produtos “liberados” são aqueles que não foram barrados, apenas isso. Já os aprovados, além de entrarem legalmente, passaram por testes, comprovaram segurança e seguem critérios específicos da legislação sanitária brasileira. A diferença é enorme — e entender isso pode evitar muitos problemas.

 

Cuidados essenciais antes de consumir qualquer item importado

Por fim, o conselho mais simples (e mais ignorado): leia o rótulo. Mesmo que esteja em outro idioma, tente identificar ingredientes, datas de validade, modo de uso e origem. Procure informações da marca oficial, verifique se há lote e se a embalagem parece original. E se algo parecer suspeito — desconfie.

Se o produto promete efeitos milagrosos, melhora rápida, emagrecimento sem esforço ou “100% natural e sem contraindicações”, acenda o alerta. Bons produtos não precisam se vender com promessas exageradas. E lembre-se: natural não é sinônimo de seguro. Muitas substâncias naturais podem ser tóxicas, dependendo da dosagem e da composição.

Ao menor sinal de reação adversa, interrompa o uso e procure orientação médica. Se possível, leve a embalagem e informe a procedência. Sua saúde deve sempre estar acima de modismos e economias. Importar pode ser vantajoso — mas só se for com responsabilidade.

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